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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2009 Linda Susan Meier

© 2016 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Entra na minha vida, n.º 1223 - Março 2016

Título original: Maid in Montana

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todosos direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Bianca e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-7764-1

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S. L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Jeb Worthington observou o carro a subir pela estrada que conduzia até ao seu rancho. Puxou as rédeas, parando Jezebel, e tirou uns pequenos binóculos do alforge.

Sim, tal como suspeitava. A sua nova governanta, Sophie Penazzi, tinha chegado.

Ajustou a lente e viu-a a sair do carro. Reparou na cabeleira castanha e lisa que lhe caía até aos ombros que, se não estivesse enganado, era de uma cor quase idêntica ao castanho-escuro dos seus olhos.

Ela esticou as costas para se libertar da tensão depois da longa viagem. O bronzeado uniforme da sua pele fê-lo imaginá-la de biquíni, a correr para as ondas do Pacífico, com uma prancha de surfe sob o braço. Não o surpreendeu a imagem. O seu currículo dizia que vivia em Malibú, mas, além disso, ele teria pagado um bom dinheiro para ver aquele rabo perfeito de biquíni.

Desceu os binóculos. Esse era exactamente o tipo de coisas que não pensaria, que se recusava a pensar, da sua nova governanta. Tinha perdido a última porque lhe tinha feito insinuações e tinha-a despedido. Mas, em vez de admitir que a tinha despedido por ter tentado tornar-se a senhora da casa, Maria tinha ido até à vila e arruinado a sua reputação, dizendo que se tinha demitido porque era resmungão e era impossível trabalhar para ele. A única maneira de restabelecer o seu bom nome seria sendo amável com a sua nova governanta, demonstrando que Maria tinha mentido.

Mas ser agradável com uma empregada obrigava a seguir algumas regras. Teria de impor limites. Não queria que o acusassem de assédio sexual ou sequer de sedução. Tinha de procurar um meio-termo.

Açulou Jezebel para que acelerasse o passo.

Sophie inclinou-se para o porta-bagagem do seu carro. Depois de deixar várias malas no chão, tirou um objecto estranho coberto com uma rede, comprido e plano. Pelas asas laterais supôs que, fosse o que fosse, estava dobrado. Era impossível saber no que se transformaria quando o abrisse.

Açulou novamente Jezebel, fazendo com que passasse a trote. Ajustou a lente para poder observá-la enquanto montava. Sophie fechou o porta-bagagem, abriu a porta de trás e inclinou-se novamente.

«Ainda há mais?», perguntou-se ele.

Ela tirou uma cadeirinha e o que parecia uma geleira. Jeb colocou Jezebel a galope. Perguntou-se o que raios fazia aquela mulher. Parecia que queria ocupar uma ala inteira da casa. Ia viver ali, claro, mas recordava ter-lhe dito que os aposentos constavam de um quarto, uma salinha de estar e uma casa de banho. Não podia ocupar a sua casa inteira.

Galopou diante de celeiros e estábulos, e abrandou a velocidade até chegar à estrada a passo.

Ao ouvir o som dos cascos, Sophie virou-se. Protegeu os olhos com a mão, levantou o olhar e cumprimentou-o.

– Olá! Bom dia!

Os seus olhos castanhos brilhavam de alegria, acentuando o seu nariz arrebitado, o sorriso enorme e o queixo bem definido. Ele deveria ter-se concentrado no seu rosto, mas a t-shirt azul que se colava aos seus seios e as calças de ganga que delineavam o seu rabo perfeito obrigaram-no a percorrer cada centímetro feminino do seu corpo.

Irritado consigo mesmo, esteve prestes a praguejar. Não devia ter contratado uma rapariga tão bonita.

Ao olhar para a bagagem a sua raiva aumentou. Era óbvio que não era a pessoa indicada para o trabalho. Parou Jez a alguns metros do carro.

– O que está…? – resmungou.

Demasiado trabalho. Sophie voltou a inclinar-se para o banco e Jeb deixou de falar. Não só estava a oferecer-lhe uma panorâmica fantástica do seu rabo, como também fazia pouco sentido falar quando ela não conseguia ouvi-lo.

Esperou com paciência, disposto a perguntar-lhe quantas coisas achava que conseguia meter em duas divisões, mas, quando saiu do carro com um bebé nos braços, ficou atónito. Pela primeira vez na sua vida, estava sem fala.

– Desculpe – sorriu-lhe. – O que estava a dizer?

Olhou para ela e depois, para o bebé. Era pequeno e gordinho. De aspecto saudável. Com faces rosadas e cabelo preto espesso espetado.

– O que está a fazer?

– Disse que me instalasse. Hoje. Para começar a trabalhar amanhã – franziu a testa. – Entendi mal as instruções?

– Pelos vistos, sim! Não recordo ter dito que trouxesse um bebé.

– Ah! – riu-se. – É o meu filho, Brady – beijou a face do menino. – Diz «olá», Brady.

O bebé gorjeou e o coração de Jeb parou. Controlou a onda de emoções que sentia.

– Não pode ter um bebé aqui.

– Porquê? – Sophie beijou outra vez o bebé. – A agência disse que não haveria problema.

– A agência de emprego disse que podia trazê-lo?

– Sim. Quando me explicaram que era um lugar de governanta interna, falei-lhes de Brady e disseram-me que não representaria um problema trazê-lo.

– Dei-lhes instruções opostas! Disse que nada de crianças! – exclamou ele. Iam rolar cabeças.

– Qual é o problema? – perguntou ela, risonha, passando os dedos pelo cabelo despenteado do bebé. – Não é um trabalho de vinte e quatro horas por dia. Só oito ou dez horas, e não são seguidas. Na entrevista, disse que, como o meu trabalho inclui servir o jantar e arrumar a cozinha depois, e acabarei muito depois das cinco horas, podia organizar os dias como quisesse. Terei tempo suficiente para cuidar de Brady.

– Não posso ter um bebé aqui!

A expressão dela endureceu. Os olhos castanhos brilhantes chisparam. O seu tom de voz mudou.

– Senhor Worthington, é óbvio que houve um engano na agência, mas isso não significa que não possamos fazer com que resulte.

Jezebel balançou de uma pata para a outra. Uma clara indicação de que percebia a agitação de Jeb. Ele respirou fundo e falou com tom mais sereno.

– Não quero fazer com que resulte. Espero alguns clientes…

Jezebel voltou a mexer-se. Jeb puxou com suavidade as rédeas, consciente de que tinha de a levar para o estábulo antes de continuar com a conversa.

– Não se mexa. Volto já – levou Jezebel para o estábulo, desmontou e deu as rédeas a um empregado que estava a limpar. – Cuida dela.

Saiu e voltou para a entrada. A sua raiva estava a adquirir a força de um furacão. Sophie Penazzi estava junto do carro com os braços cruzados. O bebé estava sentado numa espécie de cesta de plástico.

– Quero mil dólares para pagar as despesas desta viagem.

– Mil dólares? – parou diante dela.

– Deveriam ser três mil. Deixei o meu apartamento – tremeu-lhe a voz, mas fez uma pausa e continuou, mais alto: – Arrendei um armazém. E há a despesa da viagem até aqui. Custou-me dinheiro aceitar este emprego e, se não vou ficar, exijo um reembolso – olhou para ele nos olhos. – Agora!

– Temos um contrato de trabalho. Ficará – disse Jeb, contendo a sua raiva com muita dificuldade. Assinalou o bebé na cadeirinha. – Ele, não.

– E para onde se supõe que irá?

– Isso não é problema meu.

Ela tirou o contrato do bolso.

– Talvez tenha sido um erro da agência dizer que podia trazer o meu filho, mas este contrato está assinado por si e aqui não diz que não podia trazer um bebé. Se não me deixar tê-lo aqui, será incumprimento de contrato… – fez uma pausa e sorriu. – Só tem de me dar um cheque de mil dólares e ir-me-ei embora.

Jeb ia recordar-lhe que fora a agência que tinha cometido o erro e que tinha de a reembolsar pelas despesas, até que ela disse as palavras mágicas…

– E poderá arranjar outra governanta.

Ele ficou sem ar. Não conseguiria arranjar outra governanta. Graças a Maria, as mulheres da vila recusavam-se a trabalhar para ele e nenhuma das outras candidatas da Califórnia que tinha entrevistado lhe tinha parecido qualificada. Só ela. Se se fosse embora, voltaria ao ponto de partida e demoraria meses a encontrar alguém. Não tinha meses. Possíveis clientes viriam ver o rancho dentro de três semanas. Recuou.

– Leva as tuas coisas para a casa. Pedirei a Slim que te mostre a tua suíte – virou-se para se ir embora, mas depois virou-se novamente e assinalou o bebé. – E mantém-no fora da minha vista.

Foi para a casa e entrou no seu escritório, ofegando de fúria. Não conseguiria conviver com um bebé durante o ano do contrato. Se o dinheiro conseguisse que se fosse embora, pagar-lho-ia com gosto. Assim que os seus potenciais clientes se fossem embora, dar-lhe-ia os malditos mil dólares e livrar-se-ia dela.

Mas isso implicava que só tinha três semanas para encontrar uma substituta. Sentou-se na poltrona, agarrou no telefone e marcou o número da agência de emprego.

– Um bebé! – balbuciou. Estava tão zangado que o disse em voz alta. – Que tipo de mulher leva um bebé para o emprego?

– O tipo de mulher que tem de viver num sítio durante um ano.

Ao ver Slim à porta do escritório, Jeb desligou novamente. Era um homem grande.

– Não te ponhas do lado dela.

– Não estou a pôr-me do lado dela. Fiz uma afirmação. A agência disse-lhe que podia trazer o menino. E, dado que os dois estão aqui, o que tem de mau dares-lhe uma oportunidade?

Slim, melhor do que ninguém, deveria saber porque não queria um bebé na sua casa.

– Vou contratar outra pessoa.

– Ah, sim? – Slim apoiou as mãos nas ancas. – Onde pensas encontrá-la? Confiarás na agência que já cometeu um erro com Sophie? Ou voltarás a tentar na vila?

Jeb fez uma careta.

– Olha, Jeb, eu não gosto de dizer o óbvio, mas terás de ficar com ela.

– Está bem – pegou num lápis e bateu com ele no tapete do rato que havia junto do computador. – Que seja. Tem três semanas.

– O suficiente para limpar a casa para os teus clientes? És muito atencioso.

– Controla-te, Slim.

Slim foi-se embora, incomodado porque a surfista não teria muitas hipóteses de mostrar o seu valor, mas era indiferente a Jeb. Levantou novamente o telefone. Havia demasiado em jogo para que se desviasse do seu plano. Ter um bebé ali podia parecer insignificante, mas Jeb já tinha visto muitas coisas pequenas estragarem grandes planos. Não arriscaria o seu futuro, o seu lar, quando tinha demorado tanto a consegui-lo.

Tinha passado a sua infância a viajar por paraísos tropicais com os seus pais ricos. No seu primeiro ano de universidade, pensara que se sentiria «enquadrado», pois era a primeira vez que passava nove meses no mesmo sítio, mas não fora assim. Compreendera que um lar era algo mais do que uma casa ou um sítio onde dormir à noite. Passara os dois anos seguintes a desejar a noção de direcção, o propósito e a identidade que os outros alunos tinham.

Então, tinha conseguido um apartamento fora do campus universitário. Os seus companheiros eram dois irmãos cheios de determinação, rancheiros, gente substancial, com raízes e identidade, cujos tetravôs se tinham estabelecido no Montana e que sabiam que, cem anos depois, continuariam a ser proprietários de terras em Langford.

Jeb, com excesso de dinheiro e carência de significado na sua vida, tinha desejado tanto ser um deles que se casara com Laine, a irmã deles, e comprara o rancho onde vivia agora. A sua intenção fora que o seu rancho passasse de uma geração Worthington para outra… Até que Laine e ele se tinham divorciado.

O seu sonho tinha acabado com uma morte súbita e brutal, mas, depois de algumas semanas de tristeza, tinha compreendido que não precisava de uma esposa e filhos a quem entregar as suas terras. Ainda podia deixar um legado. Seria sob a forma de uma fundação, um fundo que sustentaria o rancho, pelo menos, até cem anos depois da sua morte.

Como fazia sempre, perseverou. Mas só porque nunca se desviava dos planos que tinha traçado para atingir os seus objectivos.

Portanto, Sophie Penazzi e o bebé não podiam ficar. Seria melhor que começasse a procurar imediatamente uma substituta.

 

 

Dois segundos depois de Jeb ter entrado na casa, Sophie tinha compreendido que dizer-lhe que se iria embora se lhe pagasse as despesas fora um erro terrível. A sua expressão devia denotar o seu horror perante um erro tão estúpido porque Slim, depois de a levar até ao seu quarto, lhe dissera que tentaria resolver a questão com Jeb.

De pé na sala da zona de serviço, a admirar o chão de madeira, o sofá e a poltrona tradicionais, e a televisão grande, muito mais agradável do que o que poderia permitir-se, respirou fundo e rezou para que Slim tivesse sucesso. O salário oferecido permitir-lhe-ia saldar a sua dívida no hospital pelo parto de Brady e a verdade era que não tinha para onde ir. Os mil dólares que tinha pedido como compensação não cobririam o primeiro mês de renda de um apartamento e muito menos o depósito que costumavam exigir. Se perdesse o emprego, ela e o seu bebé estariam arruinados e sem casa.

Com o menino a dormir no quarto, amaldiçoou o pai de Brady por os ter abandonado assim, deixando-a sem dinheiro e com um bebé para criar. Mas, em vez de se deixar levar pela autocompaixão, recordou a si mesma que Mick era tão culpado por os ter deixado como ela por ter confiado nele. Era filha de uns pais que sempre tinham posto a carreira à frente de tudo. Não deveria tê-la surpreendido que, quando ficara grávida, Mick tivesse deixado de a ver como namorada para passar a vê-la como um fardo, um obstáculo para a vida que tinha planeado. Nunca tinha escondido o empenho em organizar o mundo dele como queria, ela fora consciente do egocentrismo dele. Mas tinha acreditado, estupidamente, que o amor o levaria a assimilar a nova situação.

Abanou a cabeça. Pensar que o amor o levaria a criar um lugar para Brady na vida dele era outra forma de dizer que pensava que Mick mudaria por amor. Depois de passar vinte e dois anos com uns pais que nunca tinham tempo para ela, deveria ter evitado uma relação com alguém tão dedicado à carreira como Mick. Mas não o tinha feito. Até a ter deixado, não interiorizara a mensagem: as pessoas não mudam. Não voltaria a cometer o erro de pensar que podiam fazê-lo.

Bateram à porta. Slim abriu-a e espreitou.

– Poderás ficar algum tempo.

– Algum tempo?

– Às vezes, custa a Jeb aceitar que uma coisa pode correr bem, mas, por fim, reage. Limita-te a fazer um bom trabalho.

Sophie sorriu e assentiu, mas a expressão de Slim indicou-lhe que não tinha feito progressos com o chefe teimoso. Jeb Worthington não a queria ali com o seu bebé. Que lhe tivesse dito que se instalasse não implicava que fosse ficar. Agradecia o interesse do capataz, mas sabia travar as suas próprias batalhas. Quando Slim desapareceu corredor abaixo, confirmou que Brady dormia, agarrou no intercomunicador e foi ter com Jeb.

Percorreu corredores vazios, passando diante de divisões quase por mobilar, espantando-se por um homem com dinheiro não se rodear de comodidades. Finalmente, encontrou-o no escritório. Passeando atrás de uma secretária enorme de cerejeira, falava ao telefone.

– Quero falar com a senhora Gunther, por favor – estava tão absorto, que Sophie soube que não tinha notado a sua presença. Passeou o olhar pelas calças de ganga, a camisa fina aos quadrados e os ombros largos. – Jeb Worthington.

A julgar pela sua forma de se mexer, a paciência não era uma das suas qualidades. Ou talvez não fosse um homem habituado a estar sentado e dentro de casa. O bronzeado do seu rosto e das suas mãos sugeria que estava mais à vontade ao ar livre. Além disso, o seu corpo estava tonificado e musculado pelo trabalho.

Levantou o olhar para o seu rosto. Nariz direito, cabelo preto sedoso. Ficou sem ar. Não se tinha dado conta de que era um monumento.

Relembrou o dia da entrevista e fez uma careta. Sim, tinha-se dado conta. De facto, quase se sentira nauseada quando ele entrara no escritório. Tinha ficado tão entusiasmada com o salário generoso e os extras que se tinha esquecido.

– Senhora Gunther?

Deixou de andar e virou-se para as cortinas que cobriam a janela enorme, permitindo a Sophie admirar as suas costas fortes e a cintura estreita.

– Quando me mandou uma mulher com um bebé, deve ter-se esquecido que a minha governanta tem de viver na casa.

As palavras de Jeb devolveram-na à realidade e recordaram-lhe outra complicação relativa à sua estadia no rancho. Estava disposta a lutar para preservar o seu emprego, apesar de ter de viver com um homem tão atraente que quase se sentira nauseada ao vê-lo da primeira vez. Questionou a inteligência de fazer algo do género.

– O rancho fica isolado e só vamos à vila comprar provisões uma vez por mês. Não pode ir e vir diariamente. E não seria prático que contratasse uma ama, se encontrasse alguma. Eu tive de procurar em toda a Califórnia para a encontrar.

O tom da sua voz passou de profissional a impaciente e furioso tão depressa que Sophie pestanejou. Era um homem resmungão, sem paciência para erros. Mas, em vez de se escapulir antes que a visse, ficou a observá-lo como uma adolescente; era tão bonito que conseguia perdoar-lhe o mau feitio.

Isso não era habitual nela. E não era correcto.

– Muito bem, digamos que podem cometer-se erros, os seus empregados entenderam mal as minhas instruções. Isso não muda o facto de que o bebé quebra o trato. Não pode ficar aqui.

Sophie abriu a boca, atónita. Ele fez uma pausa e virou-se, ela saltou para o corredor para se esconder do seu olhar.

– Sei que, dado o horário flexível, o bebé não teria de ser um problema. Mas será uma distracção. Não posso arriscar o que investi por ela não poder fazer o seu trabalho.

Aquela frase fez com que o ritmo do seu coração acalmasse. Franziu o sobrolho. Pelos vistos, só o preocupava que não fizesse o seu trabalho; devia estar louco. Todas as mães do mundo cozinhavam e limpavam enquanto cuidavam dos seus filhos.

– Recomece a recolher currículos. Arranje alguém que possa fazer o que preciso e que não venha com um bebé.

Desligou o telefone e Sophie afastou-se pelo corredor. Quando chegou ao seu quarto, sorriu, inspirada. Não tinha conseguido que os seus pais ou Mick mudassem, mas não teria de mudar Jeb Worthington. Teria de fazer com que mudasse de opinião. Para manter o seu emprego, só tinha de lhe mostrar que conseguia fazer o seu trabalho, mesmo que Brady estivesse com ela.

Esse era o seu desafio. Em vez de esconder Brady, o melhor seria demonstrar que, como qualquer outra mãe do planeta, conseguia fazer o seu trabalho com o seu bebé, não apesar dele.

E também esquecer como o seu chefe era bonito.