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Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2014 Kate Hewitt

© 2014 Harlequin Ibérica, S.A.

Uma rainha apaixonada, n.º 1558 - Agosto 2014

Título original: A Queen for the Taking?

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-5387-4

Editor responsável: Luis Pugni

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño

www.mtcolor.es

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Epílogo

Volta

Capítulo 1

 

Alessandro Diomedi, rei de Maldinia, abriu a porta do opulento salão de receção e olhou para a mulher com quem devia casar-se. Liana Aterno, a filha do duque de Abruzzo, estava no meio da sala. A sua postura era elegante e o seu olhar, firme, inclusive frio. Considerando a situação, parecia surpreendentemente tranquila.

Sandro fechou a porta, o som marcava o fim da sua liberdade. Mas não, era imaginação sua, porque a sua liberdade tinha acabado seis meses antes, quando deixara a sua vida na Califórnia para voltar para Maldinia e aceitar o seu lugar como primeiro na linha de sucessão ao trono. E qualquer lembrança dessa liberdade tinha desaparecido quando enterrara o seu pai e ocupara o seu lugar como monarca do país.

– Boa tarde – a sua voz fazia eco no salão enorme com tapeçarias, frescos no teto, mesas elaboradas de mármore e talha dourada.

Não era exatamente um sítio acolhedor e, por um instante, desejou ter pedido que levassem lady Liana para um salão mais agradável.

Embora, considerando a natureza da sua discussão iminente, talvez aquela sala fria fosse mais apropriada.

– Boa tarde, Majestade – disse ela.

Não fez uma reverência e Sandro alegrou-se porque detestava aqueles gestos antiquados, embora tivesse inclinado a cabeça em sinal de respeito. Mas, quando cravou nele um olhar frio, Sandro sentiu que o seu coração voltava a endurecer. Não queria aquilo, nunca o quereria, mas estava claro que ela queria.

– Espero que tenha tido uma viagem agradável.

– Sim, obrigada.

Sandro deu um passo em frente, estudando-a. Era bonita, se se gostasse de mulheres pálidas. O seu cabelo era tão loiro que quase parecia branco e usava-o apanhado num coque, com algumas madeixas soltas sobre uns brincos de pérolas.

Era magra, baixa e, no entanto, a sua postura era orgulhosa, firme. Usava um vestido discreto de gola alta e manga comprida azul-claro e um colar de pérolas. Tinha as mãos unidas, como uma freira, e suportava o escrutínio sem pestanejar, aceitando a inspeção com uma confiança fria e inclusive altiva. Tudo isso o zangava.

– Sabe porque estás aqui?

– Sim, Majestade.

– Esqueça o título. Estamos a considerar a possibilidade de um casamento, portanto, chame-me Alessandro ou Sandro, o que preferir.

– Como prefere que lhe chamem?

– Pode chamar-me Sandro.

A sua frieza irritava-o, embora soubesse que era uma reação pouco razoável, inclusive injusta. No entanto, sentia o desejo de apagar aquele sorriso frio dos seus lábios e substituí-lo por algo real.

Mas deixara as emoções reais, a honestidade, a compreensão, a simpatia, na Califórnia. Não havia espaço para isso ali, inclusive quando falava de casamento.

– Muito bem – respondeu ela, mas não disse o seu nome. Simplesmente esperou e Sandro teve de admitir que, apesar da irritação, sentia uma certa admiração por ela. Tinha mais personalidade do que tinha imaginado ou estava muito segura do seu futuro casamento?

O casamento estava praticamente fechado. Lady Liana fora convidada a ir ao palácio para dar início às negociações e a celeridade com que o tinha aceitado denunciava-a. De modo que a filha do duque queria ser rainha. Que surpresa... Outra mulher de coração gelado à procura de dinheiro, poder e fama.

O amor, é óbvio, não tinha nada a ver. Nunca tinha nada a ver. Ele tinha aprendido essa lição há muito tempo.

Sandro enfiou as mãos nos bolsos das calças enquanto se aproximava da janela para olhar para os jardins do palácio, mas, ao ver o gradeamento dourado que circundava a propriedade, sentiu um aperto no estômago. Uma prisão onde tinha entrado de livre vontade, para a qual tinha voltado com uma vaga esperança que desaparecera ao ver o seu pai pela primeira vez depois de quinze anos.

«Não tive alternativa. Se tivesse, teria deixado que apodrecesses na Califórnia... Ou melhor, no inferno.»

Sandro engoliu em seco antes de dar meia-volta.

– Diga-me porque está aqui, lady Liana – disse-lhe. Queria ouvi-lo dos seus próprios lábios, daqueles lábios franzidos.

Ela respondeu em voz baixa:

– Para discutir um possível casamento entre nós.

– E, considerando que nunca nos tínhamos visto, a possibilidade de nos casarmos não a preocupa ou a angustia absolutamente?

– Conhecemo-nos quando eu tinha doze anos, Majestade.

– Doze... – repetiu ele, olhando-a fixamente. Mas o seu rosto não lhe despertava lembrança alguma. Seria igualmente fria aos doze anos? Certamente. – Mas deve chamar-me Sandro.

– Sim, claro.

Mais uma vez, não usou o seu nome e ele esteve prestes a sorrir. Estava a provocá-lo de propósito? Preferia isso à compostura gelada. Qualquer emoção era melhor do que nenhuma emoção absolutamente.

– Onde nos conhecemos?

– Numa festa de aniversário que o meu pai organizou em Milão.

Sandro não o recordava, embora não o surpreendesse. Se ela tinha então doze anos, ele teria vinte e estava prestes a renunciar à sua herança, à vida no palácio, às suas obrigações... Para voltar seis meses antes, quando o dever exigira que reclamasse a sua alma ou a vendesse. Ainda não sabia o que fizera.

– E lembra-se de mim?

Durante um segundo, ela pareceu desconcertada. Sandro viu que os seus olhos, de um surpreendente tom de lavanda, se ensombreciam. Afinal, não era assim tão pálida.

– Sim, lembro-me.

– Lamento não a recordar.

Liana encolheu os ombros.

– Não esperava que assim fosse. Não passava de uma menina.

Sandro assentiu com a cabeça, perguntando-se que pensamentos, que sentimentos haveria por detrás daquela máscara de gelo. Que emoções tinham obscurecido os seus olhos por um instante?

Ou estava a ser absurdamente sentimental? Não seria a primeira vez. Acreditava ter aprendido a lição, mas talvez não fosse assim.

Liana Aterno fora um dos primeiros nomes que tinham aparecido nas comunicações diplomáticas depois da morte do seu pai e ele tinha aceitado que devia casar-se para ter um herdeiro.

O pai de Liana era um aristocrata que tinha ocupado vários cargos importantes na União Europeia e ela, que tinha dedicado a vida a projetos de beneficência, jamais dera um escândalo. Tudo isso devia ser levado em consideração para o bem do seu país. Além disso, Liana era irritantemente perfeita em todos os sentidos, a rainha-consorte perfeita. E, além disso, parecia sabê-lo.

– Teve outras relações? – perguntou-lhe, observando o seu rosto ovalado. Não havia nenhuma emoção nos seus olhos, nenhuma tensão no seu corpo. Quase parecia uma estátua, algo feito de mármore frio, sem vida.

Não, pensou, na realidade recordava-lhe a sua mãe, uma mulher fria e calculista, sem emoções, a quem só importava o estatuto de rainha.

Era assim aquela mulher ou estaria a avaliá-la de forma injusta, baseando-se na sua triste experiência? Pela expressão dela, era impossível saber o que sentia e, no entanto, Sandro detestava-a por ter atendido à sua chamada, por estar disposta a casar-se com um estranho.

Embora ele fosse fazer o mesmo.

– Não – respondeu ela por fim. – Dediquei a minha vida a trabalhar em projetos de beneficência.

Rainha ou freira. Séculos antes, fora a escolha de algumas mulheres da classe alta, mas no presente parecia algo arcaico, absurdo.

E, no entanto, era uma realidade próxima da sua: rei ou diretor da sua própria empresa. Escravo ou livre.

– Não houve mais ninguém? – insistiu. – Devo admitir que me surpreende. Quantos anos tem? Vinte e oito?

– Sim.

– Imagino que tenha tido muitas ofertas.

Ela franziu os lábios.

– Já lhe disse que dediquei a minha vida a projetos de beneficência.

– Uma pessoa pode dedicar a sua vida a projetos de beneficência e ter relações. Ou casar-se.

– Assim espero, Majestade.

Um sentimento muito nobre, mas no qual Sandro não confiava. Evidentemente, o que aquela mulher fria e ambiciosa desejava era ser rainha.

Em tempos, ele tinha sonhado com o casamento, com uma relação de amor, de paixão. Em tempos.

Liana seria uma rainha perfeita. Estava claro que a tinham educado para esse papel e casar-se era um dever que Sandro ignorara durante muito tempo.

– Eu tenho compromissos durante o resto da tarde, mas gostaria que jantássemos juntos esta noite, se lhe parecer bem.

Ela assentiu com a cabeça.

– É óbvio, Majestade.

– Assim poderemos conhecer-nos melhor e falar dos aspetos práticos desta união.

– Claro.

Sandro cravou-lhe o olhar, esperando ver alguma emoção, fosse incerteza, dúvida ou simples interesse humano. Mas no olhar violeta só via determinação. Tentando disfarçar a sua deceção, dirigiu-se para a porta.

– Espero que desfrute da sua estadia no palácio de Averne, lady Liana.

– Obrigada, Majestade.

Só quando fechou a porta atrás dele se apercebeu de que não lhe tinha chamado Sandro.

Liana deixou escapar um longo suspiro, levando as mãos ao abdómen. Sentia-se um pouco mais tranquila, quase anestesiada. Vira Alessandro Diomedi, rei de Maldinia, o seu futuro marido.

Aproximou-se da janela e olhou para os jardins do palácio e para os edifícios antigos de Averne além do gradeamento, sob um céu sem nuvens. Os cumes nevados dos Alpes eram quase visíveis se esticasse um pouco o pescoço.

A conversa com o rei fora irreal. Sentia-se quase como se tivesse estado a flutuar, olhando para aquelas duas pessoas, aqueles dois estranhos que nunca se tinham visto e que pensavam casar-se um com o outro.

Embora tivessem passado várias semanas desde que os seus pais tinham sugerido que tivesse em consideração o pedido de Alessandro, o futuro assustava-a.

«É um rei e tu devias casar-te e ter filhos.»

Ela nunca pensara em casar-se e ter filhos. A responsabilidade e os riscos eram muito grandes, mas sabia que era o que os seus pais queriam e, pelo menos, um casamento por conveniência seria um casamento sem amor. Sem riscos.

De modo que se casaria se Alessandro estivesse disposto a isso.

Liana tentou recordar as vantagens daquela união. Como rainha, poderia continuar a dedicar a sua vida a projetos de beneficência e chamar a atenção para a Mãos que Ajudam. A sua posição seria benéfica e não podia virar as costas a isso, como não podia virar as costas aos desejos dos seus pais.

Devia-lhes muito.

Na realidade, era uma solução perfeita porque conseguiria tudo o que desejava, tudo o que se permitiria desejar. Mas o rei tinha-a olhado com uma certa antipatia, de modo que não parecia agradar-lhe. Ou, simplesmente, o casamento não lhe interessava?

Incomodada, recordou a sua expressão inquieta, agitada, como se o palácio não pudesse contê-lo, como se as suas emoções pudessem escapar pela janela.

Ela não estava habituada a isso. Os seus pais eram pessoas muito reservadas e ela tinha aprendido a sê-lo ainda mais. A ser invisível.

Só se deixava ver quando falava como porta-voz da Mãos que Ajudam. No palco, a falar sobre o projeto, tinha uma certa confiança.

Mas com o rei Alessandro? Com ele a olhá-la como se a odiasse?

As palavras tinham-na abandonado. Pusera a máscara de serenidade que tinha ido desenvolvendo com os anos, a única maneira de permanecer cordata, de sobreviver. Porque deixar-se levar pela emoção significava deixar-se levar pela dor e pelo sentimento de culpa, e, se fizesse isso, estaria perdida. Afogar-se-ia em sentimentos que nunca quisera reconhecer e muito menos expressar.

E menos ainda diante do rei Alessandro. Aquele seria um casamento por conveniência, uma união vantajosa para os dois em que não haveria emoções. Não o teria aceitado se fosse de outra maneira.

E, no entanto, as perguntas que lhe fizera estavam carregadas de emoção e as dúvidas que tinham criado nela faziam com que sentisse pânico.

«Diga-me porque está aqui, lady Liana. Considerando que nunca nos tínhamos visto, a possibilidade de nos casarmos não a preocupa ou a angustia absolutamente?»

Quase parecia como se quisesse vê-la angustiada pela possibilidade daquele casamento.

Talvez devesse ter-lhe dito que assim era.

Mas não seria verdade, porque casar-se com o rei era o mais sensato. Os seus pais queriam que assim fosse e ela queria promover a Mãos que Ajudam. Era a melhor decisão, tinha de ser...

Mas a lembrança do rei, com a sua figura imponente, fazia-a tremer. Era muito alto e o cabelo, escuro como a noite, com alguns brancos nas têmporas, estava um pouco despenteado, como se tivesse passado as mãos por ele.

Os seus olhos eram de um tom cinzento metálico, duros e atraentes. Tivera de fazer um esforço para não se encolher sob o seu olhar, especialmente ao ver que os seus lábios se franziam com desagrado.

Do que não gostava nela?

O que queria além de um acordo prático de casamento?

Liana não queria saber as respostas àquelas perguntas. Nem sequer queria perguntar. Tinha esperado que chegassem a um acordo, apesar de ela não querer casar-se absolutamente.

Mas talvez ele também não o desejasse. Talvez o seu ressentimento fosse pela situação e não por ela. Liana esboçou um sorriso triste. Duas pessoas que não desejavam casar-se e, no entanto, em breve estariam diante do altar. Embora, com um pouco de sorte, não se vissem muito.

Lady Liana?

Um empregado do palácio estava à porta, olhando-a com expressão séria.

– Sim?

– O rei pediu-me que a acompanhasse ao seu quarto.

– Obrigada – Liana seguiu o homem por uma série de corredores até chegar a uma suíte.

Naquela zona do palácio havia poucos empregados e tinha a impressão de estar sozinha no edifício. Perguntou-se onde estariam o rei e a rainha-mãe... Talvez Sophia quisesse recebê-la.

Ou talvez não. A chamada do palácio de Maldinia fora tão perentória, tão súbita... Uma carta com a insígnia real e algumas frases solicitando a presença de lady Liana Aterno de Abruzzo para discutir a possibilidade de um casamento com o rei. Ela ficara surpreendida, A sua mãe, encantada.

«Isto seria tão bom para ti, Liana! Se tiveres de te casar, porque não com Alessandro? Porque não com um rei?»

Porque não? Os seus pais eram pessoas tradicionais, inclusive antiquadas. Para eles, as filhas casavam-se e produziam herdeiros.

E ela não podia defraudá-los. Pelo menos, devia-lhes isso. Embora lhes devesse muito mais.

– Estes serão os seus aposentos durante a sua estadia no palácio, lady Liana. Se necessitar de alguma coisa, simplesmente prima este botão – o homem indicou um botão na parede – e alguém virá imediatamente.

– Obrigada – murmurou ela, entrando na suíte suntuosa.

Depois de lhe perguntar se necessitava de mais alguma coisa, o empregado fechou a porta e Liana olhou para o quarto enorme e opulento, um contraste com o seu apartamento modesto de Milão.

No meio havia uma magnífica cama com dossel, à frente de uma lareira enorme acesa que chispava alegremente, flanqueada por duas poltronas estofadas de seda azul.

Liana estendeu as mãos para as chamas. Tinha as mãos geladas, sempre lhe acontecera isso quando estava nervosa. E, apesar de ter tentado mostrar o contrário ao rei Alessandro, estava nervosa.

Pensara que o casamento seria discutido como um assunto de negócios e que as apresentações seriam uma mera formalidade. Ela não era ingénua e sabia o que representaria aquele casamento: o rei necessitava de um herdeiro.

Mas não tinha esperado aquela energia, aquela emoção. Alessandro era completamente oposto a ela: inquieto, abrupto, estranho.

Fechou os olhos, desejando poder voltar para a sua vida simples, trabalhando na fundação, vivendo em Milão, saindo com os seus amigos. Provavelmente, seria aborrecido para outras pessoas, mas gostava da segurança daquela rotina. E uma simples reunião com Sandro Diomedi tinha-a destabilizado como nunca.

Liana abriu os olhos novamente. A sua vida não era sua, não o fora desde que tinha oito anos e tinha aceitado que aquele era o preço que tinha de pagar.

Mas não queria continuar a pensar nisso. Não pensaria em Chiara.

Lady

– Eu gostaria de dar um passeio pelo jardim, se for possível.

– É óbvio que sim.

Liana seguiu o homem de uniforme por vários corredores até chegar a umas portas que davam para o jardim.

– Quer que a acompanhe?

– Não, obrigada. Prefiro passear sozinha.

Embora o palácio ficasse no centro da capital de Maldinia, a propriedade era muito silenciosa, o único som que se ouvia era o do vento entre os ramos das árvores.

Fazia frio, mas continuou a passear durante quase uma hora. O sol começava a esconder-se atrás das montanhas quando voltou por fim para o palácio. Tinha de se vestir para o jantar com o rei e a sua alegria fugaz deu lugar a uma certa preocupação.

Não podia cometer nenhum erro e, no entanto, enquanto se aproximava dos degraus, apercebeu-se da pouca informação que Alessandro lhe dera. Era um jantar com membros do seu gabinete ou uma coisa mais informal? A rainha-mãe e outros membros da família real jantariam com eles? Sabia que o irmão de Alessandro, Leo, e a esposa, Alyse, viviam em Averne. Como a sua irmã, a princesa Alexa.

Liana abrandou o passo, um pouco assustada, mas também com uma certa emoção. A energia de Sandro perturbava-a e fascinava-a ao mesmo tempo. Era um fascínio perigoso que deveria controlar se quisesse que aquele casamento fosse avante.

E assim tinha de ser. Qualquer outra coisa era impossível porque dececionaria muita gente.

De modo que tentou esquecer as suas preocupações enquanto entrava novamente no palácio, mas parou de repente, sem fôlego, ao ver que Alessandro aparecia por uma porta com o sobrolho franzido.

– Boa tarde. Veio dar um passeio pelo jardim?

Ela assentiu com a cabeça, observando o cabelo despenteado, os olhos de prata e o queixo quadrado imponente.

– Sim, Majestade.

– Tem frio – Alessandro estendeu uma mão para tocar na sua cara. O toque ligeiro afetou-a de forma tão inesperada que se afastou instintivamente e viu como os lábios dele, que um segundo antes esboçavam um sorriso, se franziam com desagrado. – Vemo-nos ao jantar – despediu-se, antes de virar para o corredor.

Liana endireitou os ombros, fazendo um esforço para caminhar com passo firme, embora não deixasse de se perguntar o que aconteceria naquela noite e como lidaria com a situação.