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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 1998 Marion Lennox

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O amor vive ao lado, n.º 444 - janeiro 2019

Título original: Dr Mciver’s Baby

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1307-560-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

 

 

 

 

A doutora Annie Burrows passava a vida a evitar as mulheres e os cães de Tom McIver, que pareciam uma maldição.

O bebé devia ter chegado mesmo antes da meia-noite. Mas nem Annie nem Tom o ouviram chegar.

Ela estivera levantada até a essa hora a passar receitas médicas. No entanto, precisava de dormir. E isso passava por ter que ir bater à porta de Tom McIver e pedir-lhe encarecidamente que se calasse de uma vez por todas.

Havia isolamento contra o ruído entre o apartamento de Tom e o hospital, mas não do lado que separava a sua casa da de Annie. Por isso é que se ouvia os cães a ladrar e uma mulher a rir-se como se estivesse possessa pelo demónio.

– Calem-se todos de uma vez! – murmurou Annie, enquanto abria a porta e saía para o corredor principal.

De repente, tropeçou em algo e, antes de se aperceber, já estava caída no chão.

Não se magoou, mas ficou ainda mais furiosa do que já estava.

Permaneceu no mesmo sítio durante dez segundos e vociferou mentalmente todas as asneiras que conhecia.

– Vou assassiná-lo! – dizia. – Vou acabar por me tornar violenta!

Provavelmente, acabaria por sair de Bannockburn. Não conseguia suportar aquela situação.

Mas tal ideia ainda a punha mais nervosa. Porque é que teria que sacrificar a sua vida? Adorava aquela pequena cidade do Sul da Austrália.

O modesto hospital de apenas doze camas necessitava de dois médicos: Annie e Tom.

Tom McIver era cirurgião, um grande médico e tremendamente responsável a nível profissional. Mas imensamente irresponsável a nível pessoal. Gostava de brincar. E muito. Adorava brincar com os seus dois cães e as suas múltiplas mulheres.

Não havia uma única cara bonita em todo o concelho que não tivesse passado pela sua cama. Tom aproveitava-se dos seus dotes físicos.

E Annie?

Tinha vinte e cinco anos e era sete anos mais nova que Tom. Estava em Bannockburn há oito meses. Era estudiosa e calma. Tom e ela faziam uma boa equipa, mas, a nível pessoal, Annie desprezava a vida perversa do seu colega.

Por isso é que, ali, estendida no meio do corredor, se sentia como uma palhaça.

De repente, o vulto com o qual tropeçara começou a mexer-se. Annie afastou-se num salto. Estava vivo!

Agarrou no pequeno embrulho entre os braços. Estava quente e molhado. Afastou ligeiramente as roupas. Da profunda cavidade que formavam as mantas surgiu um choro.

Era um bebé!

Os cães de Tom tinham ouvido o barulho e começaram a ladrar furiosamente do outro lado da porta. Esta abriu-se.

Ali estava Tom, de pé, observando uma Annie patética, caída no chão com um vulto nos braços.

Uma voz feminina quebrou o silêncio:

– Quem é, Tom? O que é aquilo que está no chão?

– É a Annie – disse Tom desconcertado. – O que é que estás aqui a fazer?

Annie não respondeu. Com uma mão, tentava defender o bebé da baba dos cães e com a outra afastar as mantas para ver se ele estava bem. Ao tropeçar nele podia tê-lo magoado.

– Magoaste-te? Annie, o que é isso? – subitamente, reparou naquilo que ela tinha nos braços. – Que diabo…?

– Afasta os cães! – exigiu Annie. – Já! – tinha acabado de falar quando os animais e a acompanhante de Tom se viram repentinamente fechados do outro lado da porta.

– O que é que se passa, Annie? O que é que está a acontecer aqui?

– Não sei – murmurou ela, enquanto abria sucessivas capas de mantas e lençóis.

O bebé levava um pijama vestido. Estava constipado e começou a chorar. Movia as pernas e os pés a toda a velocidade, contudo encontrava-se bem, não lhe acontecera nada. A roupa protegera-o do impacto.

– Annie… – Tom sentou-se nos degraus e observava-a estupefacto.

– Sim? – ela ergueu o olhar durante um segundo e depois voltou a centrar-se no bebé. – Ele está bem. Vou levá-lo para algum sítio quente para o despir…

Tom encontrava-se realmente desconcertado. Levava umas calças de ganga vestidas e uma camisa aberta até à cintura, o que deixava ver o seu impressionante peito.

A visão daquele corpo escultural deixou-a ofegante. A verdade é que sempre tivera a capacidade de afastar aquelas sensações da sua mente, mas a melhor defesa era concentrar-se no trabalho e aquela não ia ser uma excepção.

– Annie, importas-te de me explicar o que significa tudo isto?

– Não faço ideia – retorquiu ela, abrindo a parte inferior do pijama do bebé. – É uma menina. Doutor McIver, esta menina estava à sua porta. Será da amiga que tem aí dentro?

– Estás doida?! Se temos os cães lá dentro, íamos deixar um bebé cá fora?! – o sorriso de Tom era simplesmente magnético. Subitamente, apercebeu-se daquilo que Annie acabara de dizer. – Onde é que disseste que ela estava?

– Em frente à tua porta.

O sorriso masculino desvaneceu-se.

– Tropeçaste…?

– Se não pertence à tua amiga, de quem é? É demasiado pequena para ter vindo até cá a gatinhar. Este bebé não tem mais de dois meses.

Olhou para o pequeno vulto que chorava desconsoladamente.

Ergueu a vista. Estavam ambos desconcertados.

Annie levantou-se. E, de repente, um papel caiu de entre os minúsculos cobertores.

Tom pegou nele e abriu-o. Começou a ler. O calor das suas faces desapareceu.

– Tom?

Não respondia. Olhava para o papel como se se tratasse de um pesadelo.

– O que é que se passa? – insistiu Annie.

Então, Tom levantou a cabeça. Mas não estava a vê-la. O que não era nada de novo para ela. Annie era pequena, usava sempre a sua espessa mata de caracóis castanhos apanhada num rabo-de-cavalo, escondia os seus olhos cinzentos atrás do denso vidro dos óculos e a sua expressão era mais determinada e honesta que sedutora.

Comparada com as beldades com as quais Tom McIver andava, Annie era, simplesmente, vulgar.

A jovem dizia a si mesma umas dez vezes por dia que pouco se importava com isso. Sempre fora assim e já se habituara.

– O que é que o papel diz? – perguntou, curiosa. Tom recompôs-se e dobrou o papel.

– Já te mostro – respirou profundamente e esticou-se para recuperar a compostura que, por um breve espaço de tempo, perdera.

– Tens a certeza de que não é da Sarah? – perguntou Annie.

Tom olhou-a com surpresa.

– Tenho… Melissa… – levantou uma mão e passou a outra pelo cabelo. – Não, não é da Sarah… Fica com a menina e examina-a, Annie, por favor. Vou ter contigo assim que puder…

 

 

O hospital de Bannockburn estava muito tranquilo naquela noite, com quatro das suas doze camas vazias.

Não havia nenhuma criança hospitalizada, mas Helen, a enfermeira da noite, chegou quase ao mesmo tempo que Annie.

Ficou a ajudá-la e depressa verificaram que a menina era muito saudável e possuía dois potentes pulmões. A isso juntava-se ainda aquele incipiente sorriso que os bebés de seis semanas começam a esboçar. Helen preparou-lhe um biberão de leite.

– Quem é? – perguntou a mulher.

Annie não queria dar explicações. Necessitava de falar com Tom antes de dizer publicamente que a menina tinha sido abandonada.

– Foi o Tom quem me pediu para a examinar – respondeu ambiguamente.

Agarrou no biberão e começou a dar-lho.

A vontade e o vigor com que a pequena sugava o leite, demonstravam que era saudável. Annie sorriu. Helen olhava-a com curiosidade. Mas era evidente que sabia aquilo que estava a pensar.

Desde que Annie ali chegara, a enfermeira parecia tê-la colocado sob a sua protecção, cuidando sempre dela.

– Sabe-se o nome dela? – perguntou Helen.

– Não.

– Mas… – ficou pensativa. – Pelo que percebi, foi o doutor McIver quem te pediu para a examinar… mas o doutor não está de serviço esta noite.

– Acho que… – Annie hesitou uns segundos. – Parece-me que será melhor não dizer aquilo que penso.

– Pois – Helen olhou-a dos pés à cabeça. – Doutora Burrows, quando é que vais fazer algo com essa roupa? Assim vestida até parece que tens catorze anos. Ficarias bastante atraente se te arranjasses um pouco mais.

– Achas? – Annie sorriu. Estava sentada numa cadeira e balançava as pernas como uma adolescente. «Ela até pode ter razão», pensou. As calças de ganga e as t-shirts largas que costumava usar não eram o tipo de roupa que fazia ressaltar o seu físico. Nem sequer a roupa adequada para uma médica.

«Mas como é que eu vou solucionar isto?», interrogou-se. Imaginou-se com o tipo de roupa que Sarah usava e sorriu por dentro. Achar-se-ia ridícula! E saias não eram precisamente do seu agrado. Sentia-se incomodada com elas.

Helen olhava-a interrogante.

A jovem continuava pensativa, mas a sua cabeça já tinha saltado de um lugar para o outro.

– Helen, conheces alguma Melissa? – perguntou.

– Bom, conheço a Melissa Fotheningay. Tem cinco anos.

– Não é a idade adequada.

– Que idade é que procuramos?

– Alguém que pudesse ser a mãe desta criatura.

Helen ficou em silêncio.

– Quer dizer… – franziu o sobrolho. – Não sabes quem é a mãe desta criatura? E o doutor McIver também não?

– Desconheço aquilo que o doutor sabe ou não sabe. Mas, por favor, não digas nada, sobretudo para o bem da menina. Pensa em todas as Melissas que conheces.

– Não há nenhuma outra Melissa na cidade. A única de que me lembro é a Melissa Carnem. Foi enfermeira aqui. Veio de Melbourne e foi-se embora antes de tu chegares. Mas…

– Mas?

– Era muito loira, tinha os olhos claros e esta menina é completamente morena.

– Sim… mas podia ser parecida com o pai.

Os olhares das duas mulheres encontraram-se. A mensagem tácita que passaram entre si era inconfundível.

Helen olhou incrédula para o bebé e viu exactamente aquilo que Annie estava a ver.

– Não estás a pensar que… – os olhos de Helen estavam abertos de par em par. – Não pode ser…

– Eram amigos, o doutor e a enfermeira?

Helen quase se engasgou.

– Santo Deus! – Helen não conseguia afastar os olhos do bebé. – A Melissa andou com o doutor, mas…

– Porque é que se foi embora?

– Foi para Israel. Vivia de uma forma muito própria e era bastante inquieta. Dizia que se queria encontrar a si mesma e decidiu ir viver para um kibbutz. Veio para cá porque pensava que a vida do campo era aquilo que procurava. Mas aborreceu-se ao fim de dois meses. Foi-se embora há uns dez meses…

Houve um silêncio.

Dez meses. Tudo se encaixava.

A campainha interrompeu a amena conversa.

– Deve ser o Robert Whykes. Com certeza que quer um analgésico e que eu lhe garanta que vai ficar bem.

– Diz-lhe que o fisioterapeuta vem amanhã. Isso animá-lo-á.

– Já lhe disse, mas ele não quer nada que o anime. O que ele quer é ficar bom. Não entende que uma vértebra danificada no pescoço demora algum tempo a corrigir – Helen virou-se para a porta. – Acho que o doutor vem aí. Estou impaciente por saber o desenrolar deste mistério.

– Não és a única!

Tom entrou na sala e a conversa entre as duas viu-se interrompida.

Helen olhou-o ao sair. Tentou sorrir, mas não conseguiu.

O passo largo e decidido do doutor deteve-se bruscamente ao ver Annie com a menina nos braços. A pequena estava a terminar o biberão e olhava para a jovem com os olhos muito abertos.

A semelhança era incrível!

– Segundo vejo, custou-te a livrares-te da Sarah – comentou Annie.

Como sempre, Tom ignorou-a por completo. Era evidente que do seu ponto de vista, Annie era como uma irmã mais pequena.

Aproximou-se dela sem afastar a vista do bebé.

Continuava atónito. O único som que se ouvia era o sugar da pequena.

Sem pensar duas vezes, Annie decidiu romper o silêncio.

– Tom, é tua filha?

Ao ouvir aquela pergunta, ele recuou, mas os seus olhos permaneceram fixos no rosto da pequenina. Era como se estivesse a ver um milagre.

– Posso ler o papel?

Tom enfiou a mão no bolso da camisa, mas não chegou a tirar o papel.

Annie levantou-se, aproximou-se dele e colocou-lhe a menina nos braços.

A semelhança entre os dois era incrível.

Tom olhou durante uns segundos para o sorridente rosto da pequena criatura. O bebé sorria e sorria, sem se importar com a cara de susto do médico. Finalmente, esboçou-se um ligeiro sorriso no seu rosto. Como podia resistir?

Então, a semelhança foi ainda maior.

Annie enfiou a mão no bolso de Tom. Este estava demasiado perplexo para protestar.

 

Uma amiga minha tinha um bebé e foi viver para um kibbutz, e isso pareceu-me ser tão bom que decidi fazer o mesmo. Por isso, engravidei de ti, mas depressa me apercebi de que era uma estupidez porque as crianças prendem-nos. Além disso, acabei de conhecer um tipo estupendo que não quer bebés. Se não a quiseres, podes dá-la para adopção. Se desejares que assine os papéis, a minha mãe enviar-tos-á.

Não lhe dei nome. Parecia-me um disparate, já que não queria ficar com ela.

Sei que te enganei para ficar grávida e certamente também não a queres, mas a minha mãe disse-me que te devia dar a oportunidade de tomares essa decisão.

 

Annie leu e releu a nota uma e outra vez. Depois olhou para Tom.

Estava realmente surpreendido, em estado de choque. Apesar da grave situação em que a pobre menina se encontrava, a imagem que tinha à sua frente arrancou-lhe um sorriso.

Tom reparou.

– Doutora Burrows – salientou com uma voz profunda. Perigosa. – Doutora Burrows, se continuar a sorrir dessa maneira, vou acabar por estrangulá-la.

– Quem é que está a sorrir? – disse sem modificar a sua expressão. Ao ver o sobrolho gravemente franzido do seu chefe, decidiu alterar o sorriso por uma tentativa de seriedade. – Acho que a situação deste bebé não é para rir.

Claro que Tom McIver não tinha nenhum motivo para se rir. A menina, no entanto, parecia feliz.

– Annie…

– Desculpa, Tom – tentou manter a compostura.

Mas existia algo de novo e agradável naquela situação: pela primeira vez tinham-se invertido os papéis.

Tom sempre mantivera o controlo de tudo. Há seis anos que dirigia aquele hospital. Desde o início, Annie ficara com a impressão de que aquilo que o médico procurava era alguém que fizesse o que ele não gostava de fazer para poder ter tempo para se divertir.

E assim o fizera durante os seis meses que ela ali estava.

Numa ocasião, pouco depois de chegar, ouviu um comentário que Tom fazia a outra pessoa.

– É competente e sensata. Se tivermos um pouco de sorte, transformar-se-á numa agradável médica solteirona, dedicada de corpo e alma ao seu trabalho. A cidade obterá grandes benefícios com isso.

Annie estivera prestes a abandonar o hospital depois daquilo, mas gostava do seu trabalho e do local onde estava.

Bom, havia outra razão.

Desde que vira Tom McIver pela primeira vez, apaixonara-se por ele.

Estúpida, estúpida, estúpida!

Nunca devia ter ido para aquela maldita cidade.

Mas fora e já não se queria ir embora.

Durante a noite, enquanto estudava, ele divertia-se com as suas inúmeras amigas.

E, precisamente, naquela noite, saíra de casa decidida a dizer-lhe que não o aguentava mais e que decidira abandonar o seu trabalho.

Mas aquele inesperado vulto com o qual se deparou, alterou completamente o seu ânimo.

me deitar. Boa noite.

– Annie!

Foi um grito desesperado e o bebé sobressaltou-se. Tom apercebeu-se e acariciou a filha. Esta sorriu de novo.

Annie levantou uma sobrancelha.

– Não te podes ir embora dessa maneira.

De repente, a raiva transformara-se em pânico.

– Porquê? Tens algum problema?

– Claro que tenho um problema! Eu não sei cuidar de bebés.

– Não sabes cuidar da tua própria filha?

Fez-se silêncio.

A minha filha – Tom proferiu aquelas palavras lentamente, como se fossem mágicas. O pânico desapareceu, mas foi substituído pelo desconcerto.

– É tua filha – repetiu Annie. – Descobri isso muito antes de ler o papel que a Melissa te deixou. Por vezes, a semelhança entre pai e filho fala por si só. A não ser que tenhas a certeza absoluta de que não podes ser o pai. Então, devias fazer já um teste de DNA.

– Mas foi só uma noite – Tom abanou a cabeça como se tentasse acordar. – Deve ter acontecido após aquela maldita festa… Há muito tempo que não saía. Bebi demasiado. A Melissa passou a noite a servir-me aquele maldito licor. Levou-me para casa e… Maldita enfermeira! Foi ela quem me obrigou a engravidá-la.

– Podes estar furioso com a Melissa – disse Annie. – Mas a menina que tens nos braços não é culpada de nada e é tua filha. Tens de tomar uma decisão.

Tom olhou-a horrorizado.

– Não sei o que fazer! Não sei cuidar dela!

– Porque não?

– Porque…

– Só precisa que lhe dêem comer e que lhe mudem a fralda. Sou eu que estou de serviço esta noite, por isso ninguém te incomodará. Podes dedicar-te de corpo e alma a ela.

– Admite-a no hospital!

Annie negou-se.

– A menina não está doente. O hospital encontra-se muito calmo. Não existe nenhuma outra criança internada, sabe-lo bem, e com o dinheiro que o hospital recebe não nos podemos dar ao luxo de gastos desnecessários. Achas que vou chamar a Helen para que ela acorde alguém a meio da noite para cuidar do teu bebé?

– Não é meu!

– Então, de quem é? – perguntou, indignada. – És a única família que esta menina tem no mundo.

– Annie… tens que tratar dela.

Aquilo já era demasiado!

– Tom, vou para a cama. A Helen vai dar-te leite e fraldas para toda a noite. Sei alguma coisa acerca de procedimentos de adopção. Se quiseres, amanhã dou-te algumas informações relativamente a isso.

– Annie, pára agora mesmo! – exigiu Tom sem nada conseguir. – Não és uma maldita médica de serviço, és minha amiga.

Ela virou-se.

– E como amiga queres que me responsabilize pela tua filha até decidires o que fazer com ela.

– Sim. É exactamente isso que eu quero que faças. Tu sabes lidar com bebés… eu nunca tive essa experiência.

Annie esteve tentada a aceitar a oferta. Mas, por uma vez, o bom senso prevaleceu.

– És o pai desta criança. Ela precisa de um pai e tem-te a ti. Bem-vindo ao mundo da paternidade, doutor McIver. Pela primeira vez, tem responsabilidades suas, não minhas.

– Mas Annie…

– Boa noite, Tom. Cuida da tua filha. Vou-me deitar.