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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2004 Nalini Singh

© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

O despertar do prazer, n.º 619 - agosto 2019

Título original: Awaken to Pleasure

Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-1328-511-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Créditos

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

 

 

 

 

A chuva batia com força no limpa pára-brisas do automóvel. Jackson, consciente dos perigos da noite invernosa, mantinha sob controle a velocidade do seu potente veículo, estando atento à possibilidade de surgir algum peão descuidado.

Mas nessa noite, ao contrário de qualquer outra sexta-feira normal, o centro iluminado de Auckland parecia deserto. Mas Jackson sabia que essa não era a realidade. As pessoas estavam ali, mas divertiam-se nas casas e bares onde o ruído da música abafava o som da chuva. Ao sair do seu escritório, tinha passado por um desses locais e uma bela loira convidara-o a acompanhá-la. Infelizmente para ela, Jackson já não entrava nesses jogos e, desde Bonnie, preferia manter-se afastado das loiras.

Depois do dia que tinha tido, a única coisa que queria era um conhaque e um banho quente. Provavelmente, Taylor também teria o mesmo desejo. A coitada estava à espera do autocarro, sob a chuva, gelada de frio. Talvez também gostasse de sentir o calor de um homem na cama, mas…

– Taylor? – chamou Jackson após parar o carro ao ver a jovem sob a chuva. – Entra no carro.

– O autocarro não demorará muito a chegar – respondeu ela, a tremer. A chuva caía-lhe em cima com força e estava a tiritar de frio, apesar do casaco.

– Entra já, Taylor – disse Jackson com autoridade, embora soubesse que ela não o temia, apesar de nesse momento lhe parecer ter vislumbrado uma sombra de receio.

Parecia que Taylor não iria ceder, mas a intensidade da chuva aumentou e, por fim, entrou no carro. Ele aumentou o aquecimento e mudou de trajecto para a casa de Taylor. Ela vivia na outra ponta da cidade, no extremo oposto à casa de Jackson.

– Estou encharcada… vou-te molhar o carro… – disse Taylor. As suas mãos tremiam de frio e procuravam o ar quente que saía do aquecimento do carro.

– Já secará – disse Jackson enquanto dirigia um olhar furioso a Taylor. – Que raios estavas ali a fazer à espera de um autocarro a esta hora da noite? – perguntou-lhe como se estivesse a censurá-la por essa atitude perigosa.

– Isso não é assunto teu – respondeu Taylor, ainda a tremer.

– Taylor… – disse Jackson num tom de advertência que apenas utilizava quando estava quase a explodir.

– Já não és o meu chefe, Jackson, por isso deixa de tratar-me como se ainda o fosses.

Jackson estava habituado a ser obedecido, especialmente pelas mulheres mais jovens. Toda a gente amava o homem que lhes poderia arranjar um trabalho no cinema. Mas ele lembrava-se perfeitamente de que Taylor não tinha essa ambição. Também recordava a fortaleza interior que mantinha aquela beleza extraordinária.

– Só te estou a levar a casa, não me interpretes mal – disse Jackson com mais calma, sabendo que de outro modo não conseguiria nada.

– Tive um problema com o homem que me levava a casa e tive de sair do carro – disse, por fim, Taylor, após uma pausa. Jackson voltou a irritar-se, mas, de repente, sentiu a surgir em si um instinto mais protector.

– Magoou-te?

– Não.

– Taylor, diz-me a verdade.

– Não me dês ordens – gritou ela. – Pensava que era alguém em quem podia confiar – gemeu. – Estávamos numa festa da empresa em que estive a trabalhar nos últimos três meses. O meu contrato terminava ontem, mas convidaram-me mesmo assim. Um dos directores ofereceu-se para levar alguns de nós a casa. Eu não me apercebi que ficaria para o fim e que estaria sozinha no carro com ele até ser demasiado tarde. Pensava que me deixaria a mim primeiro, porque os outros viviam mais longe, mas, pelos vistos, decidiram ficar no centro para ir dançar a qualquer sítio. Ele não me tinha dito isso… e quando os outros saíram… começou a falar de passar a noite comigo.

– Magoou-te? – repetiu Jakson fora de sim, sem poder reprimir o seu instinto protector para com ela. – Responde-me, Taylor.

– Rasgou-me a manga da camisa quando estava a sair do carro e ficou com o meu porta-moedas. Com pouco dinheiro…

– Diz-me como se chama – disse Jackson, cada vez mais furioso.

– Jackson, eu…

– Diz-me como se chama – insistiu ele.

– Porquê? – perguntou Taylor. O seu verdadeiro carácter rebelde começava a ressurgir depois da sua perturbadora experiência.

– Como vais recuperar o teu porta-moedas?

– Não te vais meter nisto, pois não?

– Por quem me tomas? Por uma espécie de gangster? – disse Jackson, sabendo que na verdade poderia ser um. Era grande, pele morena, musculado. Isso devia-se em parte a ser metade italiano e metade escandinavo, mas também se devia aos seus pesadelos. O exercício fazia com que se esquecesse deles. Se tivesse o cabelo e os olhos negros poderia passar por um mafioso.

– Podias ser, sim – disse ela, sem timidez.

– Vou só recuperar o teu porta-moedas, não te preocupes – mentiu Jackson.

– Promete-me que não vás magoá-lo.

– Porquê? – perguntou ele, sentindo ciúmes perante a possibilidade de que pudessem ter sido amantes.

– Porque não quero que te metas em sarilhos – respondeu Taylor.

– Diz-me o seu nome – disse Taylor, aliviado.

– Promete-me primeiro ou não te digo.

– Prometo-te que não lhe vou tocar – prometeu Jackson, mas pensando noutra forma de vingança, talvez algum detective de delitos sexuais…

– Donald Carson – disse Taylor por fim.

– Já aqueceste? – perguntou Jackson, por fim satisfeito por Taylor obedecer às suas ordens. Pensou que ela deveria tirar aquela roupa encharcada, mas ele não lho ia sugerir. A ideia de estar sozinho com Taylor nua despertava-lhe a sua natureza primitiva e dava-lhe vontade de assinalá-la com a sua marca.

– Sim, já estou melhor – disse ela com uma voz suave que despertou o desejo de Jackson.

– Podes tapar-te com a manta que está aí no banco de trás – sugeriu ele, com um tom que se tornava menos brusco à medida que os seus instintos despertavam. A chuva continuava a bater com força nos vidros das janelas. – Ainda vives em New Lynn?

– Sim – disse ela enquanto se cobria com a manta.

Jackson olhou-a durante uns instantes e observou o seu cabelo negro aos caracóis e os seus olhos azuis cansados. Sentiu o desejo de puxá-la para o seu colo, de beijá-la e acariciá-la até que se desfizesse nos seus braços. A sua reacção a Taylor contrariava tudo o que se propusera depois da terrível vingança de Bonnie assim que ele a deixara. Frente ao caixão da sua esposa, prometera a si mesmo nunca mais se aproximar tanto de uma mulher, nem deixar que o voltassem a ferir daquele modo tão terrível. Mas com Taylor era diferente. Não tinha conseguido escapar à sua atracção por ela desde o momento em que a tinha visto pela primeira vez à porta do seu escritório. Nesse momento, ainda estava casado e tinha pensado que a sua atracção por Taylor apenas se devia ao facto de ela ser uma boa rapariga e muito trabalhadora. Mas já não havia Bonnie e deu-se conta de que a sua atracção por Taylor era mais forte que isso.

– Onde está o teu irmão? – perguntou Jackson, tentando desviar a sua atenção dos seios apertados de Taylor.

– Nick está num acampamento fora da cidade com a sua turma.

Isso explicava por que Taylor não estava em casa àquelas horas da noite. Normalmente, organizava a sua vida em redor das necessidades de Nick. Jackson só o vira um par de vezes, mas a sua irmã falava tanto dele que tinha a impressão que o conhecia muito bem.

– Ainda estás na mesma agência de trabalho?

– Sim.

– Sempre que precisei de alguém temporário, te pedi a ti.

– Não sabia – disse Taylor. – Já não trabalho para a indústria cinematográfica.

– Porquê?

– Não é o tipo de ambiente em que quero estar. Demasiados excessos, glamour e obsessão pelo dinheiro.

– A pobrezinha da Taylor ficou desiludida demasiado jovem – disse Jackson com ironia. Ele sempre soubera que ela lutara para não entrar nesse mundo.

– Não me fales assim, Jackson – disse Taylor com autoridade.

De todas as secretárias que Jackson tivera, Taylor era a única que se atrevera a responder-lhe. Ele oferecera-lhe um posto permanente, mas a sua honra obrigara-o a deixá-la ir-se embora antes que lhe roubasse a sua juventude e inocência. No entanto, ainda continuava à espera que um dia voltasse a atravessar aquela porta.

– Lamento.

– Não, não lamentas – disse Taylor.

– Que queres que te diga? És muito cínica para a tua idade – disse Jackson. Aos trinta e dois anos era apenas oito anos mais velho que ela, mas sentia como se fossem séculos.

 

 

– Não me trates como se fosse uma criança, Jackson – disse-lhe Taylor, começando a ficar irritada. No fundo, reconhecia que os seus sentimentos para com ele eram os de uma pessoa adulta. A presença de Jackson mexia com ela de um modo que a assustava e lhe despertava um desejo ardente com o qual não sabia lidar. O seu passado impedia-a de amar um homem, mas quando conhecera Jackson Santorini, apercebera-se de que não conseguia deixar de sentir-se atraída por ele.

– Comparada comigo, és uma criança.

– Isso são parvoíces – disse ela, vermelha de raiva. – A idade não importa quanto te tornas adulto – acrescentou ela com a esperança de que Jackson a visse como uma mulher.

– Claro que importa – respondeu ele. – Quanto mais se vive, mais experiências se têm.

– Mais anos, não significam mais experiências – disse ela. – Por exemplo, eu estou a criar uma criança. Tu não podes dizer o mesmo.

– Não – respondeu Jackson, friamente, sentindo-se ofendido.

– Lamento – disse ela, desculpando-se pela sua falta de tacto. – Não deveria ter dito isto.

– É a verdade.

– Sim, mas… não o deveria ter dito, especialmente depois de ter passado tão pouco tempo desde a morte de Bonnie – insistiu Taylor.

Foi a sua própria angústia com a possibilidade de perder a custódia de Nick o que a levara a não pensar no que dizia. O seu padrasto, Lance, queria recuperar o seu irmão e isso era o que estava a causar tanta inquietude. Tinha passado um dia infernal.

– Já passaram doze meses desde a overdose de Bonnie e sabes que o nosso casamento já tinha acabado muito antes. Toda a gente sabia.

O seu casamento tinha sido fictício desde que Bonnie começara a tomar drogas. Não dormiam juntos há dois anos, excepto um dia, quatro meses antes da sua morte. Nesse dia, tinha estado maravilhosa, era como a recordação da mulher com que se tinha casado, antes da morte do seu pai lhe ter roubado a alegria. Ela tinha voltado a aproximar-se dele em busca de consolo e ele não tinha sido capaz de recusar-lho. E tinham feito um filho. Um menino ao qual Bonnie assassinara ao suicidar-se com um cocktail de drogas. Se não o tivesse feito, ele seria pai. Ainda lembrava com dor os momentos em que lhe tinham comunicado que a autópsia revelara que ela estava grávida. Mas essa dor não tinha sido nada, comparada com o que sentira ao descobrir que Bonnie já sabia que estava grávida antes de ter tomado os comprimidos. Nesse momento, o ódio percorrera-lhe o corpo como um vírus e arrasara-lhe a capacidade de amar.