Editado por Harlequin Ibérica.
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© 2004 Nalini Singh
© 2019 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.
O despertar do prazer, n.º 619 - agosto 2019
Título original: Awaken to Pleasure
Publicado originalmente por Harlequin Enterprises, Ltd.
Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.
Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.
Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.
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Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.
Todos os direitos estão reservados.
I.S.B.N.: 978-84-1328-511-5
Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.
Créditos
Capítulo Um
Capítulo Dois
Capítulo Três
Capítulo Quatro
Capítulo Cinco
Capítulo Seis
Capítulo Sete
Capítulo Oito
Capítulo Nove
Capítulo Dez
Capítulo Onze
Capítulo Doze
Epílogo
Se gostou deste livro…
A chuva batia com força no limpa pára-brisas do automóvel. Jackson, consciente dos perigos da noite invernosa, mantinha sob controle a velocidade do seu potente veículo, estando atento à possibilidade de surgir algum peão descuidado.
Mas nessa noite, ao contrário de qualquer outra sexta-feira normal, o centro iluminado de Auckland parecia deserto. Mas Jackson sabia que essa não era a realidade. As pessoas estavam ali, mas divertiam-se nas casas e bares onde o ruído da música abafava o som da chuva. Ao sair do seu escritório, tinha passado por um desses locais e uma bela loira convidara-o a acompanhá-la. Infelizmente para ela, Jackson já não entrava nesses jogos e, desde Bonnie, preferia manter-se afastado das loiras.
Depois do dia que tinha tido, a única coisa que queria era um conhaque e um banho quente. Provavelmente, Taylor também teria o mesmo desejo. A coitada estava à espera do autocarro, sob a chuva, gelada de frio. Talvez também gostasse de sentir o calor de um homem na cama, mas…
– Taylor? – chamou Jackson após parar o carro ao ver a jovem sob a chuva. – Entra no carro.
– O autocarro não demorará muito a chegar – respondeu ela, a tremer. A chuva caía-lhe em cima com força e estava a tiritar de frio, apesar do casaco.
– Entra já, Taylor – disse Jackson com autoridade, embora soubesse que ela não o temia, apesar de nesse momento lhe parecer ter vislumbrado uma sombra de receio.
Parecia que Taylor não iria ceder, mas a intensidade da chuva aumentou e, por fim, entrou no carro. Ele aumentou o aquecimento e mudou de trajecto para a casa de Taylor. Ela vivia na outra ponta da cidade, no extremo oposto à casa de Jackson.
– Estou encharcada… vou-te molhar o carro… – disse Taylor. As suas mãos tremiam de frio e procuravam o ar quente que saía do aquecimento do carro.
– Já secará – disse Jackson enquanto dirigia um olhar furioso a Taylor. – Que raios estavas ali a fazer à espera de um autocarro a esta hora da noite? – perguntou-lhe como se estivesse a censurá-la por essa atitude perigosa.
– Isso não é assunto teu – respondeu Taylor, ainda a tremer.
– Taylor… – disse Jackson num tom de advertência que apenas utilizava quando estava quase a explodir.
– Já não és o meu chefe, Jackson, por isso deixa de tratar-me como se ainda o fosses.
Jackson estava habituado a ser obedecido, especialmente pelas mulheres mais jovens. Toda a gente amava o homem que lhes poderia arranjar um trabalho no cinema. Mas ele lembrava-se perfeitamente de que Taylor não tinha essa ambição. Também recordava a fortaleza interior que mantinha aquela beleza extraordinária.
– Só te estou a levar a casa, não me interpretes mal – disse Jackson com mais calma, sabendo que de outro modo não conseguiria nada.
– Tive um problema com o homem que me levava a casa e tive de sair do carro – disse, por fim, Taylor, após uma pausa. Jackson voltou a irritar-se, mas, de repente, sentiu a surgir em si um instinto mais protector.
– Magoou-te?
– Não.
– Taylor, diz-me a verdade.
– Não me dês ordens – gritou ela. – Pensava que era alguém em quem podia confiar – gemeu. – Estávamos numa festa da empresa em que estive a trabalhar nos últimos três meses. O meu contrato terminava ontem, mas convidaram-me mesmo assim. Um dos directores ofereceu-se para levar alguns de nós a casa. Eu não me apercebi que ficaria para o fim e que estaria sozinha no carro com ele até ser demasiado tarde. Pensava que me deixaria a mim primeiro, porque os outros viviam mais longe, mas, pelos vistos, decidiram ficar no centro para ir dançar a qualquer sítio. Ele não me tinha dito isso… e quando os outros saíram… começou a falar de passar a noite comigo.
– Magoou-te? – repetiu Jakson fora de sim, sem poder reprimir o seu instinto protector para com ela. – Responde-me, Taylor.
– Rasgou-me a manga da camisa quando estava a sair do carro e ficou com o meu porta-moedas. Com pouco dinheiro…
– Diz-me como se chama – disse Jackson, cada vez mais furioso.
– Jackson, eu…
– Diz-me como se chama – insistiu ele.
– Porquê? – perguntou Taylor. O seu verdadeiro carácter rebelde começava a ressurgir depois da sua perturbadora experiência.
– Como vais recuperar o teu porta-moedas?
– Não te vais meter nisto, pois não?
– Por quem me tomas? Por uma espécie de gangster? – disse Jackson, sabendo que na verdade poderia ser um. Era grande, pele morena, musculado. Isso devia-se em parte a ser metade italiano e metade escandinavo, mas também se devia aos seus pesadelos. O exercício fazia com que se esquecesse deles. Se tivesse o cabelo e os olhos negros poderia passar por um mafioso.
– Podias ser, sim – disse ela, sem timidez.
– Vou só recuperar o teu porta-moedas, não te preocupes – mentiu Jackson.
– Promete-me que não vás magoá-lo.
– Porquê? – perguntou ele, sentindo ciúmes perante a possibilidade de que pudessem ter sido amantes.
– Porque não quero que te metas em sarilhos – respondeu Taylor.
– Diz-me o seu nome – disse Taylor, aliviado.
– Promete-me primeiro ou não te digo.
– Prometo-te que não lhe vou tocar – prometeu Jackson, mas pensando noutra forma de vingança, talvez algum detective de delitos sexuais…
– Donald Carson – disse Taylor por fim.
– Já aqueceste? – perguntou Jackson, por fim satisfeito por Taylor obedecer às suas ordens. Pensou que ela deveria tirar aquela roupa encharcada, mas ele não lho ia sugerir. A ideia de estar sozinho com Taylor nua despertava-lhe a sua natureza primitiva e dava-lhe vontade de assinalá-la com a sua marca.
– Sim, já estou melhor – disse ela com uma voz suave que despertou o desejo de Jackson.
– Podes tapar-te com a manta que está aí no banco de trás – sugeriu ele, com um tom que se tornava menos brusco à medida que os seus instintos despertavam. A chuva continuava a bater com força nos vidros das janelas. – Ainda vives em New Lynn?
– Sim – disse ela enquanto se cobria com a manta.
Jackson olhou-a durante uns instantes e observou o seu cabelo negro aos caracóis e os seus olhos azuis cansados. Sentiu o desejo de puxá-la para o seu colo, de beijá-la e acariciá-la até que se desfizesse nos seus braços. A sua reacção a Taylor contrariava tudo o que se propusera depois da terrível vingança de Bonnie assim que ele a deixara. Frente ao caixão da sua esposa, prometera a si mesmo nunca mais se aproximar tanto de uma mulher, nem deixar que o voltassem a ferir daquele modo tão terrível. Mas com Taylor era diferente. Não tinha conseguido escapar à sua atracção por ela desde o momento em que a tinha visto pela primeira vez à porta do seu escritório. Nesse momento, ainda estava casado e tinha pensado que a sua atracção por Taylor apenas se devia ao facto de ela ser uma boa rapariga e muito trabalhadora. Mas já não havia Bonnie e deu-se conta de que a sua atracção por Taylor era mais forte que isso.
– Onde está o teu irmão? – perguntou Jackson, tentando desviar a sua atenção dos seios apertados de Taylor.
– Nick está num acampamento fora da cidade com a sua turma.
Isso explicava por que Taylor não estava em casa àquelas horas da noite. Normalmente, organizava a sua vida em redor das necessidades de Nick. Jackson só o vira um par de vezes, mas a sua irmã falava tanto dele que tinha a impressão que o conhecia muito bem.
– Ainda estás na mesma agência de trabalho?
– Sim.
– Sempre que precisei de alguém temporário, te pedi a ti.
– Não sabia – disse Taylor. – Já não trabalho para a indústria cinematográfica.
– Porquê?
– Não é o tipo de ambiente em que quero estar. Demasiados excessos, glamour e obsessão pelo dinheiro.
– A pobrezinha da Taylor ficou desiludida demasiado jovem – disse Jackson com ironia. Ele sempre soubera que ela lutara para não entrar nesse mundo.
– Não me fales assim, Jackson – disse Taylor com autoridade.
De todas as secretárias que Jackson tivera, Taylor era a única que se atrevera a responder-lhe. Ele oferecera-lhe um posto permanente, mas a sua honra obrigara-o a deixá-la ir-se embora antes que lhe roubasse a sua juventude e inocência. No entanto, ainda continuava à espera que um dia voltasse a atravessar aquela porta.
– Lamento.
– Não, não lamentas – disse Taylor.
– Que queres que te diga? És muito cínica para a tua idade – disse Jackson. Aos trinta e dois anos era apenas oito anos mais velho que ela, mas sentia como se fossem séculos.
– Não me trates como se fosse uma criança, Jackson – disse-lhe Taylor, começando a ficar irritada. No fundo, reconhecia que os seus sentimentos para com ele eram os de uma pessoa adulta. A presença de Jackson mexia com ela de um modo que a assustava e lhe despertava um desejo ardente com o qual não sabia lidar. O seu passado impedia-a de amar um homem, mas quando conhecera Jackson Santorini, apercebera-se de que não conseguia deixar de sentir-se atraída por ele.
– Comparada comigo, és uma criança.
– Isso são parvoíces – disse ela, vermelha de raiva. – A idade não importa quanto te tornas adulto – acrescentou ela com a esperança de que Jackson a visse como uma mulher.
– Claro que importa – respondeu ele. – Quanto mais se vive, mais experiências se têm.
– Mais anos, não significam mais experiências – disse ela. – Por exemplo, eu estou a criar uma criança. Tu não podes dizer o mesmo.
– Não – respondeu Jackson, friamente, sentindo-se ofendido.
– Lamento – disse ela, desculpando-se pela sua falta de tacto. – Não deveria ter dito isto.
– É a verdade.
– Sim, mas… não o deveria ter dito, especialmente depois de ter passado tão pouco tempo desde a morte de Bonnie – insistiu Taylor.
Foi a sua própria angústia com a possibilidade de perder a custódia de Nick o que a levara a não pensar no que dizia. O seu padrasto, Lance, queria recuperar o seu irmão e isso era o que estava a causar tanta inquietude. Tinha passado um dia infernal.
– Já passaram doze meses desde a overdose de Bonnie e sabes que o nosso casamento já tinha acabado muito antes. Toda a gente sabia.
O seu casamento tinha sido fictício desde que Bonnie começara a tomar drogas. Não dormiam juntos há dois anos, excepto um dia, quatro meses antes da sua morte. Nesse dia, tinha estado maravilhosa, era como a recordação da mulher com que se tinha casado, antes da morte do seu pai lhe ter roubado a alegria. Ela tinha voltado a aproximar-se dele em busca de consolo e ele não tinha sido capaz de recusar-lho. E tinham feito um filho. Um menino ao qual Bonnie assassinara ao suicidar-se com um cocktail de drogas. Se não o tivesse feito, ele seria pai. Ainda lembrava com dor os momentos em que lhe tinham comunicado que a autópsia revelara que ela estava grávida. Mas essa dor não tinha sido nada, comparada com o que sentira ao descobrir que Bonnie já sabia que estava grávida antes de ter tomado os comprimidos. Nesse momento, o ódio percorrera-lhe o corpo como um vírus e arrasara-lhe a capacidade de amar.